terça-feira, 30 de agosto de 2011

Almir Pernambuquinho

























Almir Morais de Albuquerque, o Almir Pernambuquinho, nascido a 28 de outubro de 1937 no Recife, falecido a 6 de fevereiro de 1973 no Rio de Janeiro-RJ, é considerado um dos mais talentosos e controvertidos jogadores da história do futebol nacional.

Atacante com enorme talento técnico, brigador e que tomava para si a responsabilidade de conquistar vitórias a qualquer custo, mesmo que para isto fosse necessário jogar sob os efeitos da anfetamina.

Entrou para o folclore do futebol brasileiro não apenas por suas jogadas geniais, ou por sua raça nas partidas, mas também por suas confusões dentro e fora de campo.

Em certa fase da carreira, foi chamado de "Pelá Branco", mas a alcunha que mais perfeitamente o descreve é de autoria do grande pernambucano Nelson Rodrigues: "Divino Delinquente".

Começou jogando pelas categorias de base do Sport. Em seu primeiro ato no futebol, resumiu o que viria a acontecer em toda sua carreira: conquistas e confusões. Não satisfeito apenas com a vitória que o tornou campeão pernambucano juvenil de 1955, ano do Cinquentenário do Sport, Almir vestiu as mãos com suas chuteiras e correu atrás de um torcedor alvirrubro, que o havia xingado durante toda a partida, até uma ponte próxima à Ilha do Retiro, onde enfim conseguiu surrá-lo.

Em 1956, jogou poucas partidas pela equipe principal do Sport, e logo chamou a atenção do Sudeste. Em pouco tempo, Almir estava demonstrando sua técnica naquela região, com a responsabilidade de manter a tradição rubro-negra de revelar grandes craques, sucedendo assim Ademir e Vavá.

No Sudeste, ganhou vários títulos, com destaque para os títulos da Taça Brasil de 1963 e 1964, Libertadores da América de 1963 e Mundial de Clubes de 1963. Nesta última conquista, teve a difícil missão de substituir Pelé:

"Eu peguei a camisa número 10 mais famosa do mundo e fiz uma promessa a mim mesmo: vou jogar por mim e pelo negão".

Acabou correspondendo à altura, inclusive cavando o penalty que gerou o gol do título. Não deixou, porém, de quebrar um jogador adversário.

Almir no Boca
Jogou um tempo na Argentina, pelo Boca Juniors, onde foi campeão argentino de 1962, título com pouca participação do craque devido às contusões. Mas não deixou de aprontar por lá também. Foi numa partida contra o Chacarita:

“No começo do segundo tempo armei uma briguinha, e queria levar uns dois ou três comigo. Mas o juiz errou, somente eu fui expulso. Fui deixando o campo debaixo de vaias. Minha sorte foi a burrice de um jogador do Chacarita, que começou a me ofender. Chamei-o e ele quis dar uma de valente. Foi ele chegar e receber uma bolacha na cara. Todo mundo brigou, dois jogadores deles foram expulsos e eu entrei no vestiário como herói. Acabamos ganhando”.

Teve ainda passagem na Itália, vestindo a camisa da Fiorentina e do Genoa.

Pela Seleção Brasileira, foi pré-convocado para a Copa de 1958, mas fez corpo mole nos treinos para ser cortado:

“Seleção é coisa falsa. Os jogadores trocam porradas em seus times e aqui parece que nada aconteceu. Sou um homem que não aceita isso.”

Porém, apesar de sua antipatia pela Seleção, decidiu participar do Sul-Americano de 1959 (atual Copa América). Resultado: briga generalizada entre Brasil e Uruguai provocada, obviamente, pelo Pernambuquinho.

No total, jogou apenas 8 jogos pela Seleção, entre 1959 e 1960, marcando 2 gols e, claro, sendo expulso 1 vez.

Após parar de jogar, em 1973, acabou sendo assassinado com um tiro de revólver em uma briga, num bar de Copacabana. Acabava dessa forma a conturbada história do "Divino Delinquente". 


“Quebrei a perna do Hélio, do América. Briguei com o time inteiro do Bangu na decisão do Campeonato Carioca de 1966. Paralisei o Milan num jogo em que o Santos se sagrou bicampeão mundial: dei um chega-pra-lá no Amarildo e chutei a cabeça do goleiro Balzarini. Agredi jogadores de outros times, briguei com tantos que até perdi a conta. Eu fui um marginal do futebol".


Vídeo do jogo Brasil x Uruguai pelo Sul-Americano de 1959 com participação de Almir Pernambuquinho:



Vídeo sobre uma das muitas brigas generalizadas em que Almir esteve envolvido:



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Taça Brasil de 1963
















Como decorrência do título pernambucano de 1962, conquistado por feras como Bentancor, Djalma Freitas e Alemão, o Sport garantiu sua vaga na Taça Brasil do ano seguinte. Seria sua terceira e última participação na competição nacional, pois já havia se apresentado nas edições de 1959 e 1962.

O Sport começou sua campanha na Taça Brasil de 1963 na condição de finalista do Grupo Norte. Disputou o grupo contra o Paysandu, que já havia desclassificado o River, e venceu. Na fase seguinte, a Copa Norte (equivalente às quartas de final da Taça Brasil), enfrentou o Bahia, vencedor do Grupo Nordeste. Com um empate na Ilha e uma derrota na Fonte Nova, o rubro-negro acabou sendo desclassificado, terminando na 5a colocação do torneio.


Time-base do Sport na Taça Brasil de 1963:

Valter; Baixa, Alemão, Carlos e Nenzinho; Leduar e Raúl Bentancor; Garrinchinha, Djalma Freitas, Adelmo e Marcos Chinês. Técnico: Palmeira.

Outros titulares:
Tomires, Fioti, Juths e Gojoba


Alemão, o zagueiro-artilheiro, marcou
dois gols na campanha de 63
Campanha:

Finais do Grupo Norte - Oitavas de final da Taça Brasil

Paysandu 0x1 Sport (Belém, 15 set 63)
Gol do Sport: Alemão

Sport 2x0 Paysandu (Ilha do Retiro, 19 set 63)
GdS: AdelmoAlemão

Finais da Copa Norte - Quartas de final da Taça Brasil

Sport 2x2 Bahia (Ilha do Retiro, 25 set 63)

Bahia 1x0 Sport (Fonte Nova, 29 set 63)
GdS: -


*Todos os dados foram coletados da obra de Carlos Celso Cordeiro.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Rua Traçaia


José Roque Paes, o Traçaia.

Começou como destaque da Seleção do Mato-Grosso.

Findou como o maior artilheiro da história do Sport.

Deixando gols até na Europa.

Honrou a camisa da Cacareco e da Canarinho.

Virou nome de rua.

Rua Traçaia, Cidade Alta.

Cuiabá, terra natal.

Merecido.



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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Taça Brasil de 1959

A partir da década de 20 até o fim da década de 50, o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais foi a única competição de caráter nacional com disputa regular no território brasileiro. Este campeonato contava unicamente com a participação das seleções estaduais organizadas pelas federações de futebol de cada Estado.

Em 1959, a CBD decidiu mudar aquele panorama, e criou sua primeira competição nacional de clubes, a Taça Brasil. A chegada do novo torneio de clubes anunciou o fim próximo da velha competição de seleções estaduais, que foi interrompida poucos anos depois, em 1962. 

O título do Campeonato Pernambucano de 1958, conquistado com a ajuda de grandes jogadores como Manga, Pacoti, Walter Morel e Traçaia, credenciou o Sport à disputa da Taça Brasil de 1959, primeira edição da nova competição da CBD.

A campanha do Sport na Taça Brasil de 59 começou bem: o rubro-negro eliminou o Auto Esporte e a Tuna Luso, tornando-se o vencedor do Grupo Norte. Disputaria assim, na fase seguinte, a Copa Norte (equivalente às quartas de final da Taça Brasil) contra o campeão do Grupo Nordeste, o Bahia. 

Pouco antes do primeiro confronto contra o tricolor baiano, uma confusão resultou na saída do técnico Dante Bianchi. Capuano, técnico da equipe juvenil, substituiu o argentino no comando rubro-negro.

Uma vitória do Bahia por 3x2 na Fonte Nova e uma bela vitória do Sport por  6x0 na Ilha fizeram com que a Copa Norte fosse decidida em uma "negra", uma terceira partida.

Após um 6x0, o resultado da "negra" foi contra a lógica. Inacreditável derrota do Sport por 2x0, em plena Ilha do Retiro. Dessa forma, o Sport terminou sua participação na 5a colocação, enquanto o Bahia seguiria para a conquista do título.


Time-base do Sport na Taça Brasil de 1959:

Dick; Bria e Cido; Zé Maria, Dedé e Ney Andrade; Traçaia, , Osvaldo, Raúl Bentancor e Djalma Freitas. Técnico: Dante Bianchi, depois Capuano.

Outros titulares:
Cazuza, Sinval, Tomires, Índio, Ramos e Elcy.


Campanha:

Bé, Bentancor,
Osvaldo e Traçaia:
boas participações
na Taça Brasil de 59
Primeira fase do Grupo Norte - Primeira fase da Taça Brasil

Auto Esporte 0x3 Sport (José Américo, 23 ago 59)
Gols do Sport: Bentancor (2) e Osvaldo

Sport 5x2 Auto Esporte (Ilha do Retiro, 30 ago 59)
GdS: (2), Bentancor, Zé Maria e gol contra

Finais do Grupo Norte - Oitavas de final da Taça Brasil

Sport 2x2 Tuna Luso (Ilha do Retiro, 24 set 59)
GdS: Traçaia

Tuna Luso 1x3 Sport (Belém, 27 set 59)

Finais da Copa Norte - Quartas de final da Taça Brasil

Bahia 3x2 Sport (Fonte Nova, 27 out 59)
GdS: OsvaldoTraçaia

Sport 6x0 Bahia (Ilha do Retiro, 30 out 59)
GdS: Osvaldo (3), , Bentancor e Traçaia

Sport 0x2 Bahia (Ilha do Retiro, 03 nov 59)
GdS: -


*Todos os dados foram coletados da obra de Carlos Celso Cordeiro.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Prioridade das Competições - Parte 4

Anteriormente, opinamos sobre o Campeonato Pernambucano, o Campeonato Brasileiro, e, por fim, sobre a Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e Taça Libertadores da América.

Encerraremos a discussão acerca da prioridade das competições opinando sobre nossa competição regional, a Copa do Nordeste ou Campeonato Nordestino.

De cara, deixo claro que sou a favor da existência do torneio. 

Em comparação com os estaduais, a competição regional proporciona maiores patrocínios, maiores públicos, melhores cotas de televisionamento e maior visibilidade. 

Certamente é mais proveitoso jogar contra o Fortaleza, por exemplo, em um Castelão lotado, que enfrentar um pequeno time de prefeitura de qualquer cidade pernambucana, seja da RMR ou do interior.

Devemos então abolir os campeonatos estaduais, e substituí-los pela Copa do Nordeste? Penso que não. Apesar dos contras, defendo a tradição, sobretudo do quase centenário Campeonato Pernambucano.                                    

Sem a extinção dos estaduais, como arrumar datas para a Copa do Nordeste?
Antes de revelar minha solução, é necessário apresentar algumas importantes informações. 

A CBF normalmente disponibiliza, por temporada, 24 datas para as competições estaduais. O Campeonato Pernambucano deste ano conseguiu extrapolar este número, contando, no total, com 26 rodadas. Por outro lado, o Campeonato Mineiro 2011 necessitou apenas de 15 rodadas, com a mesma quantidade de clubes participantes do Pernambucano 2011 (12 equipes).

Sabendo disto, minha solução passa pela redução do número de datas dos nossos estaduais. Por que não utilizar o modelo mineiro? Sei que isto implica numa certa diminuição do poder ($$$) de nossas arcaicas federações estaduais, mas acredito que uma ação conjunta dos principais clubes nordestinos conseguiriam tal feito.

Com estaduais de 15 rodadas, de acordo com o calendário da CBF, sobrariam 9 datas para a nossa competição regional. Como fazer um campeonato com 9 datas? Proponho duas abordagens, que serão vistas a seguir:


Abordagem I - Copa do Nordeste moderna

Descrição: competição com 16 times, sendo eles os clubes nordestinos melhores colocados nas 4 divisões do Campeonato Brasileiro do ano anterior (na prática, todos os clubes nordestinos das Séries A, B e C, mais os melhores colocados da Série D, até completar 16 times).

Formato: Primeira fase com 4 grupos de 4 times, com jogos de ida e volta (6 datas); quartas de final, semifinais e final em jogo único na casa do time de melhor campanha (3 datas).

Vantagens:

  • Competição mais democrática;
  • Incentivaria os clubes menores a fazerem boas campanhas no campeonato nacional;
  • Evitaria a exclusão de clubes menores que estão em divisões superiores no campeonato nacional (Ex. Icasa, Salgueiro e etc.).

Se tivesse havido esta competição já em 2011, pela classificação das séries A, B, C e D do Brasileiro 2010, teriam participado*:

Ceará (Série A - 12°), Vitória (Série A - 17°), Bahia (Série B - 3°), Sport (Série B - 6°), ASA (Série B - 9°), Icasa (Série B - 12°), Náutico (Série B - 13°), América (Série B - 20°), ABC (Série C - 1°), Salgueiro (Série C - 4°), Fortaleza (Série C - 10°), CRB (Série C - 11°), Campinense (Série C - 12°), Alecrim (Série C - 17°), Guarany de Sobral (Série D - 1°) e CSA (Série D - 12°).

*Obs: não há clubes do Maranhão, nem do Piauí, porque estes Estados pertencem a região Norte na geografica do futebol brasileiro.



Abordagem II - Liga PE-RN-CE-BA

Descrição: competição com 8 times, da qual participariam os maiores clubes do Nordeste historicamente: América, Bahia, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa Cruz, Sport e Vitória.

Formato: Primeira fase com 2 grupos de 4 times, com jogos de ida e volta (6 datas); semifinais em jogos de ida e volta (2 datas); final em jogo único na casa do time de melhor campanha (1 jogo).

Vantagens:

  • Participariam todos os clubes nordestinos que já ganharam alguma competição oficial do Nordeste ou Norte-Nordeste;
  • Participariam todos os clubes nordestinos que já jogaram a Série A no atual sistema de promoção e rebaixamento (a partir de 1988, quando o estadual deixou de ser classificatório para o nacional);  
  • Todos os jogos seriam disputados em estádios modernos: Nova Fonte Nova, Novo Castelão, Arena das Dunas, Arena Pernambuco e Nova Ilha do Retiro.



Nunca é demais lembrar que a Copa do Brasil deve ser encarada como a competição de maior prioridade para o Sport no primeiro semestre. Obviamente, em caso de desclassificação da competição nacional, a competição regional passa a ser a competição mais importante para o clube no primeiro período do ano.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Vavá

























Edvaldo Izídio Neto, o Vavá , pernambucano, nascido a 12 de novembro de 1934 em Lagoa dos Gatos, falecido a 19 de janeiro de 2002 no Rio de Janeiro-RJ, é considerado um dos maiores centroavantes da história do futebol brasileiro

O "Peito de Aço" ou "Leão da Copa" foi mais um craque de nível mundial revelado pelo rubro-negro da Praça da Bandeira. Iniciou sua carreira nas categoria de base do clube, sendo campeão pernambucano juvenil de 1949. 

Em 1951, pouco tinha jogado na equipe principal do Sport, mas já chamava a atenção de dirigentes sudestinos, que procuravam um jogador para substituir o grande Ademir. Naquele mesmo ano, aconteceria o inevitável, a saída do craque para o Sudeste.

Em clubes daquela região, Vavá faria uma bela carreira, assim como na Espanha, onde ganhou duas Copas do Rei (1959/1960 e 1960/1961) com a camisa do Atlético de Madrid. Contudo, foi através de suas apresentações na Seleção Brasileira que o centroavante rompedor foi elevado a um dos heróis do futebol nacional.

Já em 1952, recém-chegado ao Sudeste, defendeu a Seleção nas Olimpíadas de Helsinque, jogando 2 partidas e fazendo 1 gol. Teve como companheiros naqueles Jogos Olímpicos outros dois ex-jogadores do Sport: Ilo Caldas e Adésio

Vavá estreou em 1955 na Seleção principal. Em 1958, vivenciou seu primeiro momento de glória, com a conquista da Copa do Mundo, a primeira da história da Seleção. O pernambucano marcou 5 gols, sendo 2 deles na grande final, contra a Suécia, anfitriã da Copa.

O segundo grande momento da carreira de Vavá se deu 4 anos depois, com uma nova conquista da Copa do Mundo, desta vez no Chile. O craque foi um dos artilheiros da Copa de 62, com 4 gols marcados, ao lado de Garrincha, Flórián Albert (Hungria), Leonel Sánchez (Chile), Valentin Ivanov (URSS) e Dražan Jerković (Iugoslávia). Um destes gols foi marcado durante a final, contra a Tchecoslováquia, tornando-o o primeiro jogador a fazer gols em duas finais de Copa do MundoDepois de Vavá, apenas Pelé, Breitner (Alemanha) e Zidane (França) conseguiriam tal façanha.

Ao longo de sua carreira, Vavá vestiu a camisa canarinho 23 vezes, entre os anos de 55 e 64, e marcou 14 gols, 9 deles em Copas do Mundo. Porém, é importante observar que, durante seu auge, o artilheiro jogava na Espanha, o que o impediu diversas vezes de ser convocado para a Seleção. Sem este obstáculo, o bicampeão mundial poderia ter feito um estrago ainda maior... Quem sabe?


Vídeo com os 9 gols de Vavá em Copas do Mundo (primeiro vídeo produzido por este blog):